Internacionalização nas PMEs: motivos, desafios e vantagens

Num mundo cada vez mais interconectado, fruto do acelerado processo de globalização, a internacionalização configura-se simultaneamente como uma oportunidade e um desafio. Se por um lado, a realidade de internacionalizar um negócio proporciona oportunidades únicas, por outro, apresenta desafios significativos que podem ditar o fracasso da operação. Neste artigo, são abordados os motivos, desafios e vantagens da internacionalização para as PMEs.

Créditos: Vecteezy

Em Portugal, as Micro, Pequenas e Médias Empresas (PMEs) representavam em 2021 segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) cerca de 99,8% do tecido empresarial. Destas, de acordo com um estudo de junho de 2022 levado a cabo pela InformaDB e intitulado “As empresas exportadoras em Portugal”, 3% são empresas exportadoras, sendo as microempresas aquelas que mais se destacam ao serem responsáveis por 9% do valor total de exportações.

Créditos: InformaDB

Deste modo, torna-se da maior relevância um artigo relativo à internacionalização das PMEs. Este artigo, abordará então três pontos essenciais: os motivos para a internacionalização; os desafios que se colocam à prossecução do processo; e as vantagens que este pode representar na sustentabilidade de um negócio.

🌐 Motivos para a internacionalização

Sendo um tema crítico para a competitividade das PMEs, a internacionalização funciona como uma alavanca para o reforço do desempenho e crescimento, contribuindo a longo prazo para a sustentabilidade económica. Em seguida, destacamos alguns dos motivos que conduzem os empresários a ponderar a possibilidade de internacionalizarem os seus negócios.

• Necessidade de expansão da empresa;

• Diversificação de mercados;

• Ampliação da base de clientes;

• Aumento das vendas e das receitas;

• Oportunidade de alcançar um crescimento mais rápido e sustentado;

• Saturação do mercado doméstico;

• Obtenção de benefícios fiscais no mercado de destino;

• Entre outros.

🌐 Desafios da internacionalização

Embora a internacionalização possa ser uma mais-valia para os negócios no século XXI, esta apresenta alguns desafios que devem ser tidos em conta, uma vez que, a aposta numa estratégia de internacionalização obrigará a diversas mudanças no seio da empresa. Eis alguns exemplos:

• Maior investimento nos departamentos de marketing, comercial, recursos humanos, entre outros, pelo que, é necessário estar assegurada a sustentabilidade financeira da empresa; em alternativa, deverá existir a possibilidade de recurso a financiamento bancários, e/ou a investidores;

• Necessidade de adoção de uma estratégia ofensiva, isto é, reduzir a margem de lucro e aumentar a quota de mercado internacional; em oposição, o decisor poderá optar por uma estratégia defensiva, ou seja, aumentar a margem de lucro de modo a atingir maior rentabilidade, ainda que essa opção possa representar um crescimento mais lento e faseado;

• Com uma operação maior e mais complexa, a empresa poderá ser obrigada a efetuar uma restruturação dos recursos humanos, para que, seja capaz de responder às exigências de um mercado mais amplo;

• Empresas do setor transformador (indústrias), podem carecer de uma reconversão ou aumento da capacidade industrial, ou em alternativa, considerar a aquisição/construção de novas instalações, ou recurso a contratação de fabrico;

• Necessidade de desenvolvimento de uma estratégia de marketing aplicada e focada nos mercados internacionais.

Deverá, portanto, ser a análise entre os motivos e desafios da internacionalização a ditar a prossecução ou não do processo, pelo que, é aconselhável a realização de um diagnóstico à empresa, a fim de se apurar sobre a viabilidade da internacionalização. Em seguida, apresentamos alguns exemplos de questões-chave a ter em consideração.

1. Quais as motivações para iniciar a exportação de bens e/ou serviços?

2. O produto e/ou negócio é exportável? Que diferenciação poderá introduzir no mercado, face aos concorrentes locais? Quais as barreiras que podem surgir?

3. A empresa está preparada para as mudanças que poderão ter de ser realizadas, isto é, aumentos de produção, mais recursos humanos e/ou mais bem qualificados, etc.? Possui recursos humanos com competência para desenvolver o negócio e gerir possíveis constrangimentos administrativo-legais?

4. A empresa tem sustentabilidade financeira para suportar os custos do processo de internacionalização? Caso necessite de financiamento, deve recorrer à banca ou a programas como o PT2030, PRR?

5. Quais os mercados mais adequados ao produto/serviço que empresa produz/comercializa? Qual a estratégia mais adequada: exportação direta; aquisição de posição accionista (total ou parcial); franchising (franquia); contratação de representação (contrato de fabrico/distribuição indireta)? Como adaptar a empresa ao mercado onde se pretende entrar?

É, portanto, através da resposta às questões-chave que se perceberá se o processo de internacionalização fará ou não sentido. De um modo geral, a internacionalização não será uma questão lógica, se:

• A empresa não dispuser dos recursos financeiros necessários, e não pretender recorrer a crédito;

• Os recursos humanos forem insuficientes, e a contratação de novos funcionários não estiver equacionada;

• Não houver interesse em realizar alterações à política de marketing, seja de produto, preço, distribuição, comunicação;

• Não existir a pretensão de ter um negócio internacional, e/ou possui outras formas de crescimento no mercado doméstico capazes de cumprir com os objetivos da empresa.

🌐 Vantagens da internacionalização

• Divulgação da empresa, dos seus produtos e marcas;

• Aumento do volume de vendas;

• Redução dos custos de produção, que podem também representar custos inferiores de mão-de-obra e matérias-primas – no caso das indústrias transformadoras;

• Uniformização de processos;

• Posicionamento estratégico relativamente a clientes, fornecedores, inovação;

• Aumento de sinergias.

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